Há poucos dias conversava com amigos sobre as minhas experiências como assessor de vice-governadores e do que soube de outros vices, que acompanhei de longe. Sei que a vida não é fácil, nem para os vices nem para a assessoria deles.
Quando o titular viajava os secretários desapareciam, o pessoal da comunicação e do cerimonial, também. Ficavam os militares que faziam a segurança do palácio, os servidores administrativos e os garçons.
Antes de ser uma coisa só, os gabinetes do governador e do vice eram unidades orçamentárias, com orçamentos próprios. O contingenciamento de verbas para o gabinete do vice era comum.
Quando José Bianco assumiu, fui ser o secretário do vice-governador. A estrutura do gabinete estava detonada, pois Valdir Raupp e Aparício Carvalho não se entendiam e não havia nem material de limpeza para os servidores utilizarem.
No governo Ângelo Angelin, o vice-governador, em caso de vacância, era o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amizael Gomes da Silva. Angelin nunca pediu licença da função para não dar a Amizael o gostinho do cargo.
Na revolta do Urso Branco, do dia 31 de dezembro de 2001 para 1º de janeiro de 2002, Miguel de Souza, que estava exercendo o cargo de governador durante as férias do Bianco, não encontrou nem o comandante da Polícia Militar de então para ajudá-lo a sair do enrosco.
Outro exemplo. Com o Cassol no governo, a vice-governadora Odaísa Fernandes caiu em desgraça oficial (nos bastidores já estava alijada da administração)quando foi divulgada a notícia de uma suposta festa que teria sido feita para comemorar a futura queda de Cassol e que nomes para o novo secretariado foram escolhidos na ocasião.
Cassol não caiu, ao contrário, entregou um vídeo para o programa "Fantástico", jogando coisa no ventilador e denunciando deputados estaduais fazendo propostas escusas. O efeitos do vídeo são sentidos até hoje.
É assim que a banda toca. Quem se propõe a ser vice-governado, a vice-prefeito, a vice-qualquer coisa, precisa ter em mente, que "quem vai na garupa não governa a rédea", como diz o ditado popular.
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