6 de jun. de 2013

UMA RESENHA QUE VIROU CRÔNICA

Conheço Paulo Saldanha desde quando ele era presidente do Beron, na década de 1980, no segundo mandato. Fui cobrir as férias da Mara Paraguassu e, depois, da Jeanne Machado. Fomos apresentados e depois conversamos muito pouco. Sabia da história dele, da missão assumida junto ao governador Jorge Teixeira em criar o Banco do Estado de Rondônia e  implantar, logo depois, as novas agências.
Fui reencontrá-lo já empresário do ramo hoteleiro. Sempre que podemos conversamos pessoalmente ou por troca de e-mails. É um papo sempre agradável e a minha admiração pelo dr. Paulo Saldanha continua em alta. É só ver aqui. Agora, me meti a fazer uma resenha do livro "Esperança - 50 anos depois", mas misturei tudo.




Capa de Esperança; Paulo Saldanha e eu, no café da manhã do Pakaás (Fotos JCarlos e Marcela Ximenes/2010)






“Esperança – 50 anos depois” – Uma resenha ou viagem no tempo?

No início deste ano – durante a estadia no Pakaás Palafitas Lodge – ganhei do autor, Paulo Saldanha, nosso anfitrião, o livro “Esperança – 50 anos depois”. Li as ‘orelhas’, a apresentação, o prefácio e guardei o livro para uma oportunidade em que pudesse ler toda a obra de uma vez, pois nestes tempos de internet, ficamos meio que escravos de computadores, tabletes e tentações semelhantes.

Aproveitei uma viagem, em que ficamos 13 horas em voos ou conexões, para começar e concluir a leitura, que foi feita devagar, saboreando cada passagem. Confesso que alternei estágios de descobertas com outros de lembranças próprias (nem todas vividas). As tramas fictícias se emaranham com fatos históricos, que eu já havia lido em livros de história ou biografias de personalidades da região.

Em algumas passagens, eu sentia estar sentado no final da passarela da trilha, construída sobre palafitas, no Pakaás, na margem do rio Mamoré. Se ouvia os gritos das araras e periquitos e tirava os olhos das páginas do livro, caía na minha realidade. Estava em uma sala de embarque ou em um silencioso avião, voando na madrugada.

Entre experiências sensoriais que Paulo Saldanha transmite em palavras, o livro conta a história de toda uma região, com a miscigenação cultural, os perigos, o trabalho incessante dos seringueiros, o isolamento, as pressões que os homens e mulheres sofriam em uma região inóspita e distante.

A história que permeia todo o drama inicia com o casamento de descendente de imigrante alemão e uma descendente de imigrante italiano com uma nordestina. Depois de muitas aventuras chegam à Amazônia, nas margens do rio Madeira.

Paralelo à vida da família Kaufmann, o leitor viaja pelos fatos que aconteceram na região e no mundo no período de cerca de 200 anos. Você acompanha a exploração da floresta amazônica, com a prospecção dos rios; o primeiro ciclo da borracha; o contrabando de sementes de seringueiras para a Malásia; a Guerra do Acre; o Tratado de Petrópolis; o ‘crack’ (em outro sentido, mas tão devastador quanto o atual) da Bolsa de Nova Iorque; a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, a Revolução Industrial.

Alguns fatos incidentais no livro nos são bastante conhecidos, como a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré; as escaramuças dos seringueiros com os índios; as articulações pela criação do Território Federal do Guaporé; fatos históricos e folclóricos de Guajará-Mirim; o coronel Aluízio Ferreira, Dom Rey e até o Capitão Alípio.

É por isso que não parei de ler até acabar tudo. Na prosa guaporeana do Paulo Saldanha, a história de uma época e dos fatos – próximos ou distantes – que se refletem no hoje. Era para ser uma resenha. Virou uma crônica. Assim seja. Salve, Paulo! 

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