Dona Docarmo foi quatro vezes, a Mar foi uma e eu, meio que sem jeito, tentei um tráfico de influência, mas como não tenho nenhuma, não funcionou. Banzeiros, nem pensar. Isso tudo para que a Emdur - empresa que "cuida" da iluminação pública - trocasse uma lâmpada de um poste que, há anos, está queimada.
Persistente, dona Docarmo foi lá ontem, mais uma vez. Saiu do trabalho às 13h, correu para a parada, pegou o ônibus e correu de novo para encontrar a autarquia aberta. Esperou no balcão até que aparecesse a funcionária.
- A senhora pode me atender?
- Só um instante, acabei de engolir [a comida] agora.
- Tá certo, estou engolindo há muito tempo...
...
- Me dê o número do protocolo.
- Pode escolher entre os cinco...
-A senhora espera um pouco, que a pessoa que vai carimbar o processo não está aqui.
Enquanto esperava o(a) carimbador(a), dona Docarmo conta que a mulher foi serrar* as unhas. Meia hora depois só apareceu outra funcionária que disse: "Ó, que bom! Você trouxe a serra de unhas e eu trouxe o esmalte!"
Dona Docarmo desistiu e foi embora. Passou na loja, comprou uma lâmpada e pagou 30 reais para um vizinho instalar a iluminação, como os outros moradores da Rua Guarujá já fizeram. Dona Docarmo, como muita gente nesta cidade, neste Estado e neste país desistiram do Poder Público.
Mas não podem deixar de pagar pelos serviços públicos não prestados.
(*Serrar as unhas em portovelhês é lixar as unhas)
2 comentários:
Zé,
Aqui em BH esse tipo de solicitação (troca de lâmpada) a gente faz pela internet. Confere aí.
http://portal6.pbh.gov.br/sacweb/work/Ctrl/CtrlSolicitacao?acao=4&visao=0&cid=1&cod_ser=12
abração,
Lúcio Barros
Um dia a gente chegamos lá...
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