Na Vila Paulo Leal, antes ferroviária, próxima à cachoeira de Teotônio, o tempo e a natureza consomem aos poucos o que sobrou de um 'tender' da extinta Madeira-Mamoré. Uma jaqueira, ao longo desses quase 40 anos, nasceu e ali vive, entre os ferros velhos da "Ferrovia do Diabo". (Texto e fotos: Marcela Ximenes)
Um comentário:
Dorme meu menino
sobre o leito da madeira-mamoré
encantado és um dormente
dormindo sob os trilhos da philadelphia
onde passa a maria fumaça
hoje pura nevoa
estranho fantasma
sino silente
apito silencioso
farol apagado.
Descansa meu operário
teus pais te esqueceram
tua nação de abandonou
nesta terra de ninguém
soldado anônimo
sem pátria
sem hino
sem indenização
sem bandeira
algumas canções lembram de ti
os antigos contam que és um dormente
trabalhador jaz morto
deitado nos trilhos de ouro e látex
olhando com os olhos fechados
a conquista do oeste
e os céus repletos de vaga lumes
e meteoros.
Luiz Alfredo
poeta
*Poema do livro: Poesias Baldwianas; in loco motiva.
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