NO TAXI

Um ciclista atravessou inesperadamente na frente do taxi, fazendo com que o motorista freasse bruscamente. Falei ao motorista que em São Paulo será oferecido um curso para ciclistas, com matérias como convivência com motoristas e legislação de trânsito e carga horária de 8 horas.
A resposta dele foi a que se podia esperar:
- Se fosse em Porto Velho, podia dar um ano de aulas que não adiantava nada!

ATITUDE SUSPEITA

Peguei um táxi para ir ao trabalho, pedindo que o motorista parasse para mim em uma agência ou caixa eletrônico do Banco do Brasil. Ele optou pela agência Calama do bairro São João Bosco. Avisei: "aqui é proibido estacionar. Se o senhor quiser dar o 'balão', eu espero". Desembarquei , entrei na agência, retornando poucos minutos depois.
O motorista contou a seguinte história:
- Quando o senhor entrou, resolvi ficar aqui. Se aparecesse algum guardinha [da Semtran] eu dava o balão. Parou um viatura e desceu um policial fardado e um outro homem, de bermuda, sem algemas e entraram no banco. O policial que ficou na viatura parou um taxo, falou alguma coisa com o motorista e os dois carros seguiram. Acho que a viatura foi fazer o balão...
- Mas o que está errado, desculpe, mas não entendi...
- Eu tenho quase certeza que o cara de bermuda é policial que está preso.
- Ah...

CONSTATAÇÃO

No rádio do taxi, matéria sobre a "Operação Apocalipse", deflagrada pela Polícia Civil de Rondônia na semana passada. Perguntei ao motorista o que ele pensava sobre o assunto.
- Vou responder contando um fato que aconteceu aqui, neste carro. Na semana passada peguei três passageiros, todos jovens, bem vestidos, muito educados, ficaram fregueses e eu levava eles para todo lado, almoço, jantar, tudo. Na quinta-feira, no dia da operação [Apocalipse], perguntei para eles o que achavam daquilo. O cara que parecia o chefe, disse que a polícia - com raríssimas exceções - não prendia gente inocente. No sábado, quando levei eles para o aeroporto, na hora pagar a corrida, o "chefe" disse que eles eram da Polícia Federal.
Explicado.

FRASES

"Estou igual ao Brasil, acordei!" Meu colega Eduardo Chagas, em contexto que não posso contar.
"Ao invés de frear, buzina!" Taxista, ao desviar de uma moto que avançou a preferencial em alta velocidade, buzinando.

É CADA UMA...

Íamos para o aeroporto de táxi.  Havia chovido pouco antes e a avenida Migrantes - que tem problemas de drenagem (é uma exceção na cidade) - acumulava água ao longo da pista, quando passamos por um carro que trafegava devagar, vidros abertos e o motorista com o braço esquerdo para fora da janela.
Na rotatória da avenida Jorge Teixeira, ele parou o carro à esquerda do táxi e fez um sinal. O taxista baixou o vidro e o diálogo foi este:
- O que foi?
- Você jogou água dentro do meu carro!
[Um, dois segundos de silêncio]
- Ah! O bebê não quer molhar? Está chovendo, então feche os vidros e cubra o carro com uma lona!
- ... [Não ouvi o que o cara respondeu]
- Não tô dizendo?

SEM PLACAS

O motorista de táxi é que chamou minha atenção para a quantidade de motos que circulam nas ruas sem placas. Segundo o taxista, é devido às altas taxas cobradas pelo Detran, que incentivam os motociclistas a ficarem irregulares até caírem numa blitz. Aí, deixam a moto ser recolhida, esquecem dela no depósito e compram outra.
Faz sentido.

CICLISTACIDA

O neologismo do título desta postagem não quer dizer "matador de ciclistas", mas sim "ciclista suicida". A inspiração me chegou na manhã de hoje, quando vi um ciclista que ia na mesma direção do taxi em que eu estava e furava todos os sinais vermelhos. Nós parávamos e ele seguia em frente. Nas últimas semanas vimos pelos telejornais um monte de atropelamento de ciclistas. Segundo o taxista, "a maioria deles [ciclistas] é abusado".

APAIXONADO

Da minha casa ao trabalho são, aproximadamente, 10 quilômetros. O taxi que trouxe-me era dirigido por um cara extremamente apaixonado e/ou com uma bruta dor de cotovelo. Durante todo trajeto só tocou uma música (parei de contar na oitava execução): "Enquanto houver razões", do Jorge e Mateus (pesquisei depois). Se fosse no tempo do LP, diria que o disco estava arranhado e repetia a mesma faixa por isso. Mas e CD? Leseira, mesmo.

HEIN?

Na última viagem a São Paulo, ao dirigir-me ao aeroporto de Congonhas, o taxista disse que pegaria um caminho alternativo para fugir ao congestionamento: - Vou pela espraiada.

Fiquei na dúvida. Espraiada? aqui não tem praia...

Já em Porto Velho, um colega retornava de Manaus e contou que ao chegar lá o motorista do táxi puxou conversa:

- O senhor conhece a cidade?

- Muito pouco.

- Se puder vá visitar a ponte "estranhada"...

- Tá

O que ambos se referiam era às pontes estaiadas, cartões postais de São Paulo e Manaus.

CONVERSA PARA TURISTA

Voltando para o hotel, o taxi parou no semáforo próximo ao Palácio do Planalto. Sem ser perguntado, o taxista começou:
- Vou mostrar para vocês a sala da Dilma... Aquela ali, na pontinha. Quando ela está, as bandeiras ficam hasteadas e a gente passa aqui [no Eixo] e vê ela ali, naquela parede de madeira. Vê a Dilma, via o Lula e o Fernando Henrique Cardoso... Fernando Henrique, não, ele viajava muito...

DIÁLOGOS INSÓLITOS

- Táxi!
...
- Boa tarde. O senhor me leva, por favor, na rua Tal. Mas antes preciso passar em uma agência do Banco do Brasil. Tem alguma no caminho?
- Tem uma na esquina da rua São João Batista com São João Nepomuceno...
- Então, o senhor dá uma parada para mim...
- É assim. Para ir lá é preciso ir em frente, dar um balão, voltar pela outra rua e entrar assim...
- Então não é no caminho!
- Eu falei que tem uma agência na esquina da rua São João Batista com São João Nepomuceno...
- Tá. Deixa prá lá.