1 de abr. de 2009

PORTO VELHO É ASSIM?

Indicação de leitura: "A cidade que não estava lá", publicada na revista Época. Comentário da Mar, que me indicou a reportagem: "Quem não conhece não vai querer passar perto."

6 comentários:

Anônimo disse...

Detonaram PVH.

Anônimo disse...

E aí Sá, diga você, Porto Velho é assim?

José Carlos de Sá Junior disse...

Claro que não. A jornalista se restringiu a entrevistar as pessoas que estavam lá na Cacilda. Ela também ficou frustrada de não ter visto índios e onças nas ruas de PVh

José Carlos de Sá Junior disse...

Os comen tários estão quentes no endereço da revista (no linque do post). Quem tiver tempo dê uma olhada lá....

Rodrigo Viana disse...

Quando morava em Porto Velho, achava uma maravilha, melhor lugar do mundo, depois, tendo oportunidade de residir fora para estudar e trabalhar, comecei a ter um olhar crítico. Também me indignava com reportagens que falavam mal da cidade, olhando sob a perspectiva de fora, despojando-me do envolvimento afetivo, de fato, não há nada de mentira, tudo é verdade. Tirando que meus pais ainda moram em Porto Velho, que cresci e tenho muitos amigos, fora isso que razão me atrairia à Porto Velho? A cidade é realmente suja, é realmente precária, muito distante, muito quente, com uma imprensa, que só por Deus!!...Como assíduo leitor deste blog (lia-o, antes de sua criação) tenho que dizer, a grande dificuldade dos portovelhenses é viver sob o jugo do encantamento cego, não aceitar a sua realidade e não serem agentes transformadores. Quando chega uma crítica ácida, sentem repulsas e revoltas. Ante admitir, criticam os criticadores!
Será que é a cidade em sua eterna sina? Desde a sua criação sempre explorada e depois abandonada? EFMM, ouro e Usinas.

Marcela Ximenes disse...

"Há formas e formas de se falar", "Sempre insistam com os personagens que a matéria poderá trazer transtornos", "Em alguns casos, é melhor usar nomes fictícios para os personagens", "Avaliem sempre que você não ficará lá, que quem sofrerá as conseqüências serão os personagens e as pessoas próximas". Frases assim foram ditas e repetidas durante a oficina ‘Em busca do personagem: Um olhar singular’, de Eliane Brum, na sexta-feira, 27, na Escola Ulisses Ferreira, localizada no bairro JK, periferia de Porto Velho.
Como porto-velhense, fiquei meio indignada (vá lá, fiquei muito indignada mesmo!). Como jornalista fiquei decepcionada com a profissional que eu admiro há muito tempo. Não foi pelo fato de ela está apontando para as mazelas da cidade que eu moro, não. Foi porque ela simplesmente não aplicou nada do que disse durante as oito horas de oficina e mais o básico de uma reportagem: a imparcialidade.
As observações dela estão corretas, quem nunca caiu em um buraco, foi respigado por lama ou ficou coberto de poeira? Isso aqui ou em qualquer lugar. Quantas pessoas não ficaram sem atendimento médico ou foram mal atendidos? Isso é fato.
Também já fiquei chocada em chegar a cidades sem o mínimo de estrutura, imagina então desembarcar numa capital que nem cara de capital tem? Mas aí então entra o repórter: por que essa cidade está (é) assim? O que está sendo feito para melhorar? Por que estão abusando do valor dos imóveis? Cadê os recursos do PAC? E por aí, vai. É o famoso “outro lado”.
Entre os assombros provocados pelas palavras críticas, uma frase me deixou em dúvida sobre o preconceito da autora de ‘A cidade que não estava lá’ às cidades da região: “Diferente de outras capitais amazônicas, quase não se vêem índios”. Como assim? A sensação é de alguém que reclama por não ter encontrado uma determinada atração em um parque. Não conheço a capital do Amapá, mas nas demais nunca fiquei “trombando” com indígenas nas ruas. Desconhecimento sobre a história local.
Fiquei pensativa, li e reli esse trecho: “A atmosfera é pesada e triste. Não parece um lugar para pessoas. Ou pelo menos para exercer a cidadania.” O que a fez ter essa impressão? O trânsito cheio de bicicletas, cujos condutores não respeitam a sinalização (quase escassa) e os carros, os motoristas que se aboletam em cima das calçadas? As ruas sem meio-fio e sem árvores? O lixo que não é recolhido como deveria em alguns pontos da cidade? Isso é problema somente em Porto Velho? E se fosse, seria o caso de afirmar que aqui não é lugar para pessoas? É apenas em Porto Velho que o mercado imobiliário (ou qualquer outro) fica voraz quando há possibilidade de se faturar mais? É exclusivo de Porto Velho ter pessoas mais ou menos sem escrúpulos comerciais ou morais? Tenho certeza que não.
Então, ao ler pela enésima vez o texto – muito bem escrito, como sempre – da Eliane Brum, avalio que ela poderia pôr em prática o que tentou passar durante a oficina para jornalistas de Porto Velho, cidade que no olhar dela é uma espécie de portal do inferno, e fazer uma análise do impacto que a reportagem trouxe para os personagens citados e os que não foram ouvidos. Talvez não seja o caso de pedir desculpas por meio de um livro, como fez em relação à matéria ‘A suave subversão da velhice’, onde intimidades foram expostas sobre o pretexto de se mostrar a vida dentro de um asilo. Mas seria uma boa alternativa.