23 de fev. de 2015

LENDO NAS ENTRELINHAS

Durante os anos do golpe militar, com a Imprensa sob censura declarada ou velada, toda uma geração aprendeu a ler nas entrelinhas, mesmo onde não houvesse mensagens escondidas ou subliminares. Ao ler jornais e revistas como o Estado de S. Paulo, O Movimento, O Pasquim, entre outros, buscávamos significados, avisos, interpretações, qualquer coisa que achávamos que os redatores tinham cifrado no texto para informar o leitor o que realmente estava acontecendo no país. A ditadura acabou, a censura prévia também. Hoje existem outros tipos de censuras e até mais cruéis. Mas as "mensagens" continuam nos textos desafiando nossa atenção.


Estou dizendo isso tudo para comentar um rilise da Prefeitura, em que se informa a transferência do "acervo" da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré", do pátio e das salas do "Prédio do Relógio" para um galpão alugado pelo Município para guardar os enfeites do "Natal da Sucatabilidade" e aqueles de natais passados que conseguiram sobreviver às intempéries "do tempo", como diria um coleguinha.

A mudança não será definitiva, pois deste galpão, o acervo será levado para outro galpão, onde será restaurado. Em um trecho da matéria, o presidente da Funcultural lamenta esta alteração de endereço que considera desnecessária, e comenta: "De fato, no pátio há peças expostas ao sol e a chuva, mas estão muito mais protegidas do que estavam. Como elas não podiam ser vistas, as pessoas até nem reclamavam, mas agora que ficaram mais expostas as pessoas se dizem chocadas com seu estado. Assim, para evitar maiores controvérsias, resolvemos transportá-las para outro local".

Longe dos olhos, perto do coração. (Fotos Ivo Feitosa/Gente de Opinião)

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